Revista Ateliê do Turismo reforça a importância da assessoria linguística na elaboração de artigos

Postado por: Joao Doarth

Com o objetivo de incentivar e conscientizar autores a revisarem seu artigo científico antes da submissão, os editores da Revista Ateliê do Turismo convidaram uma Assessora Linguística para explicar a importância do tema para quem deseja ter seu trabalho bem avaliado pelas melhores revistas científicas do país.

A convidada pelos editores foi Cleonice Fritoli, experiente Assessora Linguística e Ex-Secretária dos professores Miguel Bahl e José Manoel Gândara, já falecidos e referências na área de Turismo no Brasil.

Cleonice, de início, alerta para os motivos que levam um artigo científico a ser rejeitado por uma revista, destacando a importância da língua portuguesa para o texto. “Todo pesquisador sabe que não basta apenas fazer ciência; ele precisa também comunicá-la, ou seja, escrever ciência, para que os conhecimentos resultantes de seus esforços cheguem a quem possa deles usufruir e se beneficiar. Por isso, quando um artigo submetido para publicação em revista científica é rejeitado, ou mesmo apenas devolvido para revisão, a primeira coisa que o autor pensa é se faltou qualidade (ou esforço?) para elaborar aquela contribuição, indagando-se sobre os aspectos que podem ter levado à inadequação de seu trabalho para tal veículo científico”, contou Cleonice.

Segundo Cleonice, estudos científicos mostram a importância da língua portuguesa para a aprovação de um trabalho científico. “Obviamente, uma revista que tenha como escopo a divulgação de conhecimento científico de relevância contará com pareceristas e processos de análise e avaliação criteriosos. E então o que se verifica é que nem sempre a rejeição e a devolução são causadas por problemas de conteúdo. Em pesquisa realizada por Job et al. (2009, p. 47), entre as principais causas de rejeição de artigos científicos encontravam-se ‘erros de redação, digitação, ortografia, concordância verbal, gramática, parágrafos sem conclusão, linguagem telegráfica ou ‘truncada’, além de pobreza no estilo e na escrita’. Os pesquisadores relataram ainda ‘ocorrência de parágrafos repetitivos, uso excessivo de perguntas e expressões de imprecisão (‘talvez’ e ‘será’) num texto fragmentado’ (p. 47)”, contou a profissional.

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A Assessora Linguística também enfatiza os erros mais frequentes dos autores. “Mesmo considerando que a pesquisa foi realizada em 2009, de forma geral editores e pareceristas continuam percebendo que ‘a escrita carece de uma revisão textual: às vezes o autor se coloca na primeira pessoa do singular, noutras, no singular, repete termos na mesma frase e deixa os parágrafos sem nexo. Ocorrem graves problemas com a escrita, tornando difícil a compreensão das ideias do autor’ (JOB et al., 2009, p. 47). Ainda, entre os principais problemas textuais estão a falta de encadeamento lógico, o uso de linguagem excessivamente coloquial e de senso comum, muitas vezes inadequada para artigo científico, e o excesso de ‘adornos’ na tentativa de enriquecer o texto, resultando na utilização de termos nem sempre adequados”, analisou a Assessora.

Em razão de tais aspectos, a contribuição de um profissional revisor de textos é fundamental para o melhor aproveitamento possível do conteúdo do trabalho. Cleonice revela as principais atribuições do profissional. “É nesse cenário que um revisor de textos bem preparado pode contribuir. O bom profissional não se limita à simples revisão de normas linguísticas básicas, ortografia e gramática. Embora invisível ao leitor (e assim deve permanecer), o trabalho do revisor engloba também a preparação (ou copidesque), fase em que se detectam problemas relacionados à coesão, coerência, ambiguidades, possíveis problemas de interpretação, omissões, desvios das normas linguísticas, uso equivocado de conectivos e elementos frasais, fluidez e clareza, adequação da linguagem em relação ao gênero textual, e tantos outros detalhes que fazem a diferença na hora de melhorar, valorizar e contribuir para a legibilidade do texto. Assim, o trabalho do revisor pode significar a diferença na construção de um texto equilibrado, cuja exatidão e comunicabilidade tornem clara a mensagem que o autor pretende transmitir”.

“Para isso, além das competências linguísticas, o revisor precisa ter conhecimentos que permitam avaliar a qualidade, intervindo no aspecto discursivo e estilístico, no funcionamento e na organização textual, de acordo com o gênero e o público a quem o texto se destina, e o modo como as ideias são explicitadas”, disse Cleonice.

Por fim, a Assessora Linguística valoriza a presença do profissional no âmbito científico, estendendo suas contribuições além da correta redação de uma frase. “A contribuição do revisor vai, portanto, muito além de emendas e ajustes de ortografia e sintaxe; para desenvolver seu trabalho, ele precisa se posicionar como leitor final, testando a função comunicativa de cada manuscrito, porque o bom revisor sabe que a língua é fenômeno dinâmico e interativo, que não pode ser analisada apenas sob o olhar da regra cristalizada, dos compêndios normativos e dos ditames e ‘ritos’ da academia”, finalizou Cleonice Fritoli.

A Revista Ateliê do Turismo (ISSN 2594-8407) está avaliada como Qualis B4 e publica resenhas, entrevistas, traduções e uma sessão geral de artigos (recebidos em fluxo contínuo). Tem como Editor Chefe o Professor Izac de Oliveira Belino Bonfim (UFMS/CPAQ), além dos Editores Adjuntos Guilherme Garcia Velasquez (UFMS) e Rosislene de Fátima Fontana (Unioeste). As contribuições devem ser submetidas pelo Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER), no endereço http://seer.ufms.br/index.php/adturismo/about.

Referência citada na reportagem: JOB, Ivone; MATTOS, Ana Maria; TRINDADE, Alexandre. Processo de revisão pelos pares: por que são rejeitados os manuscritos submetidos a um periódico científico? In: Revista Movimento, Porto Alegre, v. 15, n. 03, p. 35-55, julho/setembro de 2009.

Texto: João Doarth