“O Turismólogo e o rio: uma metáfora de interpretação” (Dia do Turismólogo)

Postado por: Joao Doarth

“O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa.

Passou um homem depois e disse: essa volta que o rio faz por trás de sua casa se chama enseada.

Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia uma volta atrás de casa. Era uma enseada.

Acho que o nome empobreceu a imagem.” (Manoel de Barros)

A viagem, os roteiros, os meios de hospedagem, a gastronomia, a cultura e a natureza. Juntamente a isso, ou melhor, antes de tudo isso, os homens e mulheres: turistas, comunidade local, gestores públicos e privados. Eles e elas, construindo o turismo que conhecemos.

Dia 27 de setembro, dia Mundial do Turismo e dia do/da Turismólogo(a), precisamos repensar sobre o sentido maior deste profissional.

Afinal, o que faz um Turismólogo(a)?

Esta pergunta acompanhou toda a nossa vida acadêmica e profissional. Explicamos por diversas vezes às nossas famílias, aos amigos, aos indiscretos que querem entender para que passamos de três a quatro anos na universidade para “aprender a viajar”.

Longe de querer conceituar, discutir teoricamente/epistemologicamente o fenômeno do Turismo, pensamos que talvez hoje, dada a importância da data, precisamos compreender o Turismólogo na perspectiva do “rio que fazia uma volta atrás de nossa casa”.

Hoje, olhando para o passado, vivenciando o presente e vislumbrando um futuro promissor para o Brasil, entendemos que o Turismólogo(a) é o profissional mais interdisciplinar que existe. Nós pensamos “os lugares” através da lente do Turismo, em busca de um desenvolvimento mais equitativo e menos impactante.

Nós podemos valorar a riqueza natural e cultural de comunidades e lugares através do Turismo, possibilitando geração de emprego e renda, bem como o sentimento de pertencimento pela localidade. Assim, nós pensamos os espaços turísticos não somente pelo olhar do turista ou das viagens, mas principalmente pelo olhar da comunidade local, e na possibilidade de desenvolvimento que a atividade turística pode proporcionar para ela.

E se alguém nos perguntar hoje: o que faz o Turismólogo(a)? Responderemos:

Entenderemos que “o rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa”. Diante desta constatação, iremos planejar os espaços turísticos.

Texto: Isabelle Pinheiro – Turismóloga, Doutora em Recursos Naturais, Docente do Curso de Turismo – UFMS/CPAQ / Marcos Pereira Campos – Turismólogo, Doutorando em Geografia, Docente do Curso de Turismo – UFMS/CPAQ