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Na manhã de ontem (27), o Campus de Aquidauana (CPAQ) deu início ao Abril Indígena, evento que terá duração de três dias e tem como objetivo celebrar o 19 de abril, data oficial de homenagem aos Povos Indígenas do Brasil. Na ocasião, além da Reitoria da UFMS, Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Direção do Campus de Aquidauana, fizeram-se presentes os Professores do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena, o Cacique Antônio, da Aldeia Limão Verde, e o Professor Alberto Terena.

O evento teve início às 9h, no Auditório da Unidade II do CPAQ, com uma Roda de Conversa, em que os convidados discutiram diversas questões referentes aos acadêmicos indígenas do Campus de Aquidauana, relatando conquistas e ressaltando necessidades relacionadas ao ingresso e à permanência desses acadêmicos na Universidade. Conforme mencionado pelo Professor Albert Schiaveto de Souza, Pró-Reitor de Assuntos Estudantis, alguns avanços, como o Programa Aldeias Conectadas, que disponibiliza acesso à Internet para comunidades indígenas locais, e as bolsas oferecidas pela UFMS, que se concretizam em forma de apoio financeiro, têm contribuído para a realização dos estudos e a permanência dos estudantes indígenas na Universidade. Além disso, o Pró-Reitor abordou futuras possibilidades de melhoria para o público em questão, como o estabelecimento de uma copa e um alojamento para os acadêmicos da Licenciatura Intercultural Indígena, que, sazonalmente, deslocam-se de suas comunidades para as salas de aulas do CPAQ.

Ainda no que tange aos avanços apontados, a Professora Camila Ítavo, Vice-Reitora, destacou a importância da ação Reitoria Itinerante, relembrando seu início, no CPAQ, e seu objetivo, que se configura em um processo de escuta local para traçar estratégias de atendimento às necessidades específicas de cada campus. A Vice-Reitora também mencionou a conquista de cotas específicas para ingresso do público indígena na Universidade e comentou sobre bolsas ligadas a projetos de tutoria de disciplinas voltadas especialmente a esse público, como Português e Matemática.

Em seguida, o Professor Marcelo Turine, Reitor da UFMS, pontuou a ininterrupção da Universidade durante a pandemia, momento que exigiu uma adaptação coletiva, envolvendo todos os Servidores e estudantes, de modo que as atividades da instituição não fossem abruptamente pausadas e permanentemente estagnadas. Em sua fala, o Reitor também abordou propostas de ampliação do número de vagas de ingresso para discentes e docentes indígenas nos Cursos oferecidos pela Universidade.

Em tempo, a Professora Ana Graziele, Diretora do CPAQ, enfatizou que o Abril Indígena se expressa como um momento de celebração de conquistas de parcerias realizadas entre a UFMS e as Lideranças Indígenas, as quais, por meio da Educação, refletem-se no desenvolvimento de nossa cidade e em escala regional. Nesse sentido, o Professor Paulo Baltazar, Docente do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena, aproveitou para lembrar aos presentes que a Educação é um processo conjunto, o qual depende de cooperação entre várias partes, sendo o Abril Indígena um momento ideal para reflexões como essa, que abarcam o senso de colaboração e o espírito de equipe. O Docente também ressaltou a importância de se abordar, durante as aulas do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena, conteúdos legislativos específicos dos Povos Indígenas, pois, desse modo, os acadêmicos podem construir conhecimentos que lhes sirvam de base para a luta e manutenção de seus direitos, gradativamente adquiridos ao longo dos anos.

Dentre as Lideranças Indígenas presentes, destaca-se a fala do Cacique Antônio, da Aldeia Limão Verde, que trouxe relatos históricos de inúmeras dificuldades e superações, enfrentadas e concretizadas pelos Povos Indígenas, especialmente no que concerne ao ingresso, permanência e formação no Ensino Superior. Em sua fala, o Cacique ressaltou a importância do ensino acadêmico, essencial para a formação dos professores indígenas.

Em relação ao Curso de Licenciatura Intercultural Indígena, o Professor Alberto Terena comentou sobre suas origens, que se iniciou em formato de programa e, hoje, é consolidado como um dos Cursos permanentes do Campus de Aquidauana. O Professor também ressaltou a importância da realização de eventos como o Abril Indígena, que, ao promover diálogos com a Direção e a Reitoria, contribui para o estreitamento de relações com os Povos Indígenas e, consequentemente, para sugestões de estratégias de permanência do acadêmico indígena na Universidade, o que, segundo o Docente, configura-se como o maior dos desafios. “Para nós, é de suma importância um evento desse na Universidade, pois abre as portas para que possamos mostrar nossas dificuldades, nosso contexto de comunidade, mostrar isso de perto à Direção, à Reitoria e, assim, estarmos buscando possibilidades para que esses jovens [indígenas] cresçam profissionalmente, em termos de conhecimento científico, e retornem para suas comunidades para poder ajudar. Agradecemos à Reitoria, à Direção e aos Professores que têm dado apoio a esse Curso [Licenciatura Indígena] permanente na Universidade”.

No fim da Roda de Conversa, o Professor Marcelo Turine foi presenteado pelos Professores Paulo Baltazar e Alberto Terena, que lhe entregaram, respectivamente, um quadro representativo de identidades indígenas e um adorno representativo da cultura indígena.

Texto: Marco Santos