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Na última quarta, 19, e quinta-feira (20), o Campus de Aquidauana (Cpaq) realizou duas atividades referentes à Semana de Desenvolvimento Profissional 2020. Com a programação transmitida totalmente on-line pelo Facebook, o evento promoveu discussões sobre a saúde mental em tempos de estudos remotos e pandemia, além de abordar as experiências e estratégias do trabalho docente remoto com as tecnologias digitais.

Na noite do dia 19, às 19h30, foi realizada a mesa-redonda intitulada “Saúde mental em tempos de estudos remotos e pandemia: é possível?”, ministrada pelas psicólogas Helen Paola Vieira Bueno e Giovanna Alle Hollender, com mediação da professora Ana Graziele Lourenço Toledo do Cpaq.

Sobre os estudos remotos, a psicóloga Giovanna destaca que não estávamos preparados para as atuais mudanças no ensino. “Nenhum de nós estávamos preparados para isso! O que falta não é o tempo, mas o equilíbrio emocional, a dificuldade de organização para o estudo a distância, a falta de um ambiente tranquilo em casa. Isso está presente em toda a comunidade acadêmica”, afirma.

A docente relatou que a principal dificuldade observada nos atendimentos de estudantes e servidores é a adaptação do espaço e organização do tempo neste espaço para os estudos e trabalho. “Os momentos de trabalho e estudo são tomados por outras atividades e os momentos de descanso são tomados por obrigações de trabalho e estudo, então parece que as coisas se misturam muito […]. A divisão entre tempo e espaço tem sido um desafio”, disse.

Para ajudar os estudantes e servidores a lidar com esta situação, a psicóloga compartilhou dicas importantes e fundamentais. “Tentar organizar em casa um espaço que seja destinado ao trabalho ou ao estudo. Um espaço em que você possa se retirar do ambiente no momento em que não estiver trabalhando ou estudando”, enfatiza. Giovanna ainda destacou a importância de se permitir tempos de descanso e lazer nessa nova rotina. “Precisamos ressignificar a nossa casa como espaço de descanso, ressignificar os nossos momentos do dia como momentos de descanso também e parar as atividades que sejam de trabalho ou de estudo nesses momentos de descanso. Se permitir isso”, conclui.

Em relação ao atual isolamento, a psicóloga Helen Paola Vieira Bueno declara que esta é a única vez em que o isolamento social age de forma positiva. “Em circunstâncias normais, o isolamento tem consequências negativas. Ele nos priva de uma condição emocional fundamental para nossa sobrevivência, pois somos seres de relações sociais, precisamos do afeto um do outro. Mesmo tendo que lidar com os altos e baixos dos relacionamentos, a relação social é a essência do ser humano”, disse.

Diante do confinamento obrigatório, a docente aponta que o simples contato virtual não irá suprir os anseios do momento. “O contato virtual vem para nos ajudar em várias situações, mas não vai suprir isso. Estamos sendo forçados a enfrentar um problema extremamente complexo que nos obriga a quebrar paradigmas, estamos criando uma rotina nova de vida e esse não está sendo um desafio fácil, pois não estamos acostumados a parar”, explica.

“O excesso é a medida da nossa era. Estávamos vivendo com o excesso, essa era a medida do nosso tempo. Nós aprendemos a viver no piloto automático, repetimos padrões de comportamento sem ter consciência de onde estamos colocando a nossa energia. Quantos de nós estávamos sendo levados pela rotina sem perceber os detalhes do dia-a-dia? Estamos tendo a oportunidade de nos reinventar”, conclui Helen.

Tecnologias Digitais e o trabalho docente

Na noite de quinta-feira (20), às 19h30, a palestrante Daiani Damm Tonetto Riedner, da Faculdade de Educação, iniciou a palestra sobre “As tecnologias digitais e o trabalho docente remoto: experiências e estratégias” com a pergunta: “O que você aprendeu a fazer online desde o período de isolamento?”. A convidada estimulou a troca de experiências entre servidores e estudantes sobre as aprendizagens do atual momento.

Em sua fala, a docente afirmou que a aprendizagem não está restrita em um único espaço ou forma e que todos possuem singularidades no processo de aprender. “Temos múltiplas formas de aprendizagem que precisam ser levadas em consideração quando falamos no trabalho docente e quando pensamos na integração da tecnologia no nosso trabalho pedagógico. Nós aprendemos em todo lugar, o tempo todo e durante toda a vida”, disse.

A respeito do uso pedagógico das tecnologias, a palestrante comentou sobre o trabalho conjunto e colaborativo entre professor e aluno durante os estudos remotos. “Tenho percebido que muitos estudantes têm trabalhado em conjunto com os professores, ajudando, indicando ferramentas, auxiliando na organização das salas e isso é muito bacana […]. Iremos analisar o que levaremos para o nosso trabalho pedagógico após a pandemia quando voltarmos com as atividades presenciais”.

Em razão do isolamento social, a convidada explica que foi preciso reinventar o aprender e o ensinar, se colocando na posição de aprendizes novamente e ainda ressalta que as atuais transformações impactaram no trabalho pedagógico, que se baseia principalmente nas relações humanas. “Agora vimos a importância da comunicação aberta para a aprendizagem e também percebemos que a aprendizagem extrapola o espaço físico da sala de aula”, enfatizou.

“Quanto mais cresce a internet, quanto maior se tornar esse dilúvio de informações que vivemos todos os dias, mais importante se torna o trabalho do professor. Não existe uma tecnologia que seja capaz de fazer essa curadoria, de fazer esse filtro necessário considerando o contexto que a aprendizagem vai acontecer. Não existe tecnologia que faça a mediação da aprendizagem considerando as singularidades de cada um dos estudantes, o fator humano sempre vai ser a chave da aprendizagem”, disse Daiani. “A tecnologia não é o primordial, a metodologia e as formas de uso dessa tecnologia que podem transformar a experiência de aprendizagem dos estudantes”, conclui.

Mais de 200 pessoas participaram da programação da Semana de Desenvolvimento Profissional no Cpaq entre professores, estudantes, técnicos e comunidade externa.

Serviço

As atividades da Semana são abertas para toda a comunidade acadêmica e externa. A programação segue disponível até sexta-feira, 21, com palestras, oficinas, minicursos e workshops. Para mais informações sobre o cronograma do evento ou inscrições, acesse o site: http://sedep.ufms.br/.

Aos inscritos que já participaram de atividades e preencheram as listas de frequência, a organização informa que a emissão de certificados será feita pelo SICERT no link: https://certificados.ufms.br/. O participante será avisado sobre a disponibilidade do certificado pelo e-mail cadastrado no ato de inscrição.

Reveja as lives

As lives podem ser assistidas novamente, na íntegra, na página do Campus de Aquidauana no Facebook. Veja abaixo:

• “Saúde mental em tempos de estudos remotos e pandemia: é possível?”: clique aqui
• “As tecnologias digitais e o trabalho docente remoto: experiências e estratégias”: clique aqui

Texto e imagens: Juliana Ovelar (estagiária da Agecom no Campus de Aquidauana)